terça-feira, 25 de agosto de 2009

REFLEXIVO


Apressada e com fome na confeitaria sento numa mesa afastada do movimento, aproveito para comer e passar e-mail urgente para o editor.
Faço o pedido e abro o laptop.
A voz baixinha, atrás de mim, diz:
—Tia, dá um trocado?
—Não tenho, menino.
—Só 1 moedinha para comprar um pão.
—Está bem, compro um para você.
Caixa de entrada lotada de e-mail, distraída vou olhando belas mensagens.
—Tia, pede para colocar margarina e queijo também.
O menino continuava ali.
—Ok, vou pedir, mas depois me deixa trabalhar. Estou ocupadíssima.

Junto com a refeição chega meu constrangimento.
Faço o pedido do guri e o garçom me pergunta se quero q mande o garoto “ir à luta”. Meus resquícios de consciência me impedem de dizer sim.
Digo q está tudo bem e que traga o pedido do menino.
—Tia, você tem internet?
—Tenho sim, essencial ao mundo de hoje.
—O que é internet?
—É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar. Tem de tudo no mundo virtual.
—E o q é virtual?
Com a explicação simplificada acho q ele pouco vai entender e espero me liberar para comer minha deliciosa refeição, sem culpas.
—Virtual é um local que imaginamos, algo q não podemos pegar, tocar. É lá q criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer, criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em qse como queríamos q ele fosse.

—Legal isso. Adoro!
—Menino, você entendeu o q é virtual?
—Sim, também vivo neste mundo virtual.
—Nossa! Você tem computador?
—Não, mas meu mundo é desse jeito...virtual. Minha mãe trabalha, fica o dia fora, só chega tarde, qse não a vejo. Fico cuidando do meu irmão pequeno q chora de fome e eu dou água para ele imaginar q é sopa.Minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas não entendo pois ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há tempo, mas sempre imagino a família reunida em casa, muita comida, muitos brinquedos, ceia de Natal, e eu indo à escola para virar médico um diA...
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Namastê!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A RAIZ DOS ERROS


Um feiticeiro africano conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro, e continua a acompanhar seu mestre.
Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o feiticeiro dá meia volta e começa a viagem de volta.
- Você não me ensinou nada hoje -- diz o aprendiz, levando mais um tombo.
- Ensinei sim, mas você parece que não aprende - responde o feiticeiro.
- Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida.
- E como lidar com eles?
- Como deveria lidar com seus tombos - responde o feiticeiro. - Em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que te fez escorregar.
Devemos procurar a raiz de nossos erros e levantarmos com sabedoria e força.
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